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sexta-feira, 22 de março de 2019

GOVERNO JADER BARBALHO NO PERÍODO DA CAMPANHA DAS DIRETAS


Impossível qualquer trabalho Histórico desconsiderar a liderança de Jader Barbalho na política paraense e nacional, deixarei de lado qualquer paixão partidária ou qualquer apego a questões de moralidade e abordarei o papel de Jader Barbalho no cenário estadual e sua importância na campanha das eleições diretas.
O Governador Jader Barbalho foi eleito com o apoio de ALACID NUNES, que não convergiu com JARBAS PASSARINHO sobre a sucessão estadual, e Jader apoiou abertamente a campanha das eleições diretas, o que trouxe dificuldades na administração de Jader para a obtenção de recursos federais.
Jader Barbalho tinha maioria na Assembléia Legislativa, o que facilitava a aprovação de projetos da seara estadual, contudo, no campo nacional Jader encontrava dificuldades impostas pela natural burocracia, e pela falta de lideranças nacionais para obtenção de convênios e verbas federais.
Com a falta de apoio do Governo Federal, Jader Barbalho tinha que improvisar, e como não havia reforma agrária no Pará, face a ausência de políticas federais na região, Jader fortaleceu o ITERPA, órgão responsável pela política agrária do Estado, e lançou eficiente campanha com o lema: “Jader dar terra a quem trabalha, uma reforma agrária sem convulsionar o campo, e sem tornar o agricultou instrumento de manobra política”.
O governo de Jader se destacou pela atenção ao interior do Estado, e com frequência transferia todo o seu gabinete para trabalhar em alguma cidade do interior, o que ficou conhecido como GOVERNO INTINERANTE. E todos os municípios do Estado por mais distante que fossem, todos receberam a visita do Governador.
E Jader afirmava que não tinha inimigos, tinha sim adversários políticos, e em suas andanças pelo interior recebia todos os Prefeitos independentemente de legenda partidária. E na suas ausências, quem assumia o governo era LAÉRCIO FRANCO, que foi leal a Jader e acabou sendo agraciado com cargo de Conselheiro no Tribunal de Contas e lá encerrou sua vida pública.
A regularização de imóveis urbanos das pessoas mais pobres da capital só tinha sido pauta de governo na época do Governador Barata, Jader restaurou essa política e os bairros pobres de Belém foram objeto de intensa política habitacional jamais visto no Pará, em especial na capital.
Jader restaurou a casa da cultura em Santarém.
A primeira dama mais atualmente que o PARÁ já teve, foi ELCIONE BARBALHO, que sua preocupação com as causas sociais, era bem recebida pela população mais pobre, e por ser esposa do Governador Jader o mesmo acabava recebendo os créditos pela atuação de sua esposa.
JADER consegue verba para o asfaltamento da Cidade Nova, e água para a cidade de Belém, e conseguiu a sinalização do BNH, sistema habitacional vigente, para que o BANPARÁ possa conduzir a política habitacional junto com a COHAB.
Os estudantes da UFPA fazem violentos protestos a favor da meia passagem e JADER BARBALHO recebe uma comissão de estudantes e alerta os estudantes que existem pessoas dentro dos centros acadêmicos interessados que os estudantes fiquem contra o governo, e deixando o assunto da meia passagem em segundo plano. JADER deixou claro que esse grupo estavam integrante do PDS, que nunca aceitou a derrota no pleito eleitoral e integrantes do PT, que já adotavam a equivocada política de quanto pior melhor.
A meia passagem foi primeiramente concedida pelo GOVERNO DO ESTADO para os alunos da rede pública do primeiro e segundo grau, e os estudantes universitários queriam a extensão do benefício sem qualquer conversa, sem observar que tal direito tem que se discutido com os empresários, já que envolve custos a serem suportados pela classe empresarial.
Após o término da radicalização do movimento dos estudantes universitários, no dia 04.04.1984 o Governo do Estado anuncia que os universitários também terão direito a meia passagem, tal anúncio foi feito pessoalmente aos estudantes no gabinete do Governador Jader, sem a presença da ala radical do DCE, porém, o seu Presidente Romulo Paz esteve presente e foi carregado ao final da cerimônia pelos estudantes.
A curiosidade do benefício aos estudantes, é que só teria direito a meia passagem os alunos que residissem a mais de 1 km da escola.
JADER BARBALHO, recebia todos os Deputados individualmente e anotava o pleito de todos os parlamentares e os atendia naquilo que coubesse, um jeito novo de fazer política onde a polarização era frequente, e os diálogos ausentes, principalmente entre o Executivo e Legislativo.
Em uma solenidade de entrega de títulos na Nova Marambaia, JADER vai pessoalmente ao Centro Comunitário e entrega o documento a cada família, sem intermediários e sem seguranças para afastar o povo, esse tipo de carisma é que encantava a população, pois, não era comum autoridade oficial permitirem tal acesso.
JADER mesmo na oposição ao governo federal foi recebido pelo Presidente João Figueiredo (PDS), para autorização de liberação de verbas federais ao Pará, e tais verbas serão aplicadas na área de saúde e habitação, e para conseguir a liberação desta verba, o governador paraense ainda teve que enfrentar o difícil Ministro DELFIN NETO (PDS), que insistia em não liberar o numerário ao Pará, e o empenho do Governador JADER não teve nenhuma colaboração do Ministro Jarbas Passarinho (PDS).
JADER consegue a liberação de US$-80.000.000,00 (oitenta milhões de dólares) junto ao governo federal, e o dinheiro será usado para a construção da PA 150, o Hospital das Clínicas e de outro Juliano Moreira. Esse empréstimo causou reação da oposição na Assembléia Legislativa, e o Deputado Aldebaro Klautau ocupava a tribuna diariamente para condenar o empréstimo, pois, segundo o parlamentar tal verba iria endividar o Estado do Pará comprometendo as finanças públicas estaduais.
Em relação a este empréstimo quem saiu em defesa do Governo de Barbalho, foi o Deputado Gabriel Guerreiro, que utilizou o governo federal como paradigma negativo, pois, segundo Guerreiro o governo federal elevou a dívida externa brasileira, sem dar justificativas para onde foram investidos tais empréstimos, e que Jader Barbalho, já apontou ao parlamento estadual onde serão utilizados os recursos obtidos junto ao Ministério do Planejamento.
As questões ambientais no período da campanha das Diretas também ganhavam espaço na seara política, e em Belém a Assembléia Legislativa, na pessoa de seu Presidente LUCIVAL BARBALHO (PMDB), organiza encontro internacional para discutir os assuntos da Amazônia. E uma viagem à Rússia e a Inglaterra do Governador Jader, ganha destaque na imprensa nacional.
O PROGRAMA SACOLÃO de JADER BARBALHO é um sucesso, que consiste na entrega de alimentos a população baixa, e o grupo A. R. GOMES (REI DAS CARNES), colabora com o projeto, e os bairros se organizavam para receber a visita do programa, que sempre contava com a presença da primeira Dama ELCIONE BARBALHO.
O dinamismo do governo de Jader Barbalho mereceu o registro na tribuna da Câmara dos Deputados, por parte do Deputado Federal, Carlos Vinagre, que chegou a comparar Barbalho ao ex-governador Magalhães Barata.
O Governo Jader Barbalho sempre teve o reconhecimento dos servidores públicos, e nesta obra percebo que tal consideração não veio de forma gratuita, o governo enviou um projeto a Assembléia propondo um reajuste semestral a todos os servidores do Estado, com o intuito de acompanhar o ganho real do salário mínimo.
O governador Jader conseguiu empréstimo em mais de 60 milhões de dólares para investimento no Estado, e tais valores para época assombravam qualquer devedor, e abriam os olhos dos credores, e tal empréstimo alcançou os holofotes nacionais e regionais.
Diante da dimensão dos valores, o Governador Jader convocou o empresariado paraense para uma explicação de como obteve o crédito, de como o mesmo seria pago e o mais importante de como ele seria investido.
O encontro teve grande repercussão nos meios políticos e empresariais, e ocorreu na Associação Comercial do Estado do Pará, e Jader explicou que o dinheiro seria aplicado em especial na construção da PA 150, na construção do Hospital das Clínicas, na construção de 17 centros de saúde e 126 postos de saúde, investimento no pequeno produtor rural, etc.
E após falar por mais de duas horas, Jader Barbalho permaneceu no recinto e foi duramente sabatinado pelo empresariado paraense.
Danilo Remor do setor madeireiro veio de Redenção para cobrar de Jader a pavimentação da PA 150.
Claudomiro Begout do setor agrícola cobrou do governo investimento no pequeno produtor rural.
Avertano Rocha cobrou respostas de como o Estado iria pagar esta dívida.
Edson Salame cobrou de Barbalho o investimento no setor enérgico, que estava esquecido pelos últimos governos.
Jorge Colares declarou que no interior do Estado ainda se utilizava muita carroça como meio de transporte, e que o governo poderia importar burros e jegues para a utilização.
Ninguém ficou sem resposta, e Roberto Massoud encerrou o evento, e a classe política e empresarial saíram otimistas do evento, e enxergavam o progresso do Estado do Pará.
O mundo vivia o clima de guerra fria entre as maiores potências, a URSS e os Estados Unidos, e Jader Barbalho, que tinha interesse em receber investimento russo na região, recebeu a visita do Embaixador Russo na sede do Governo, e o fato foi registrado no Diário do Pará o dia 18.04.1984.
O problema de abastecimento de água no Estado do Pará era muito grave em várias regiões, em especial na cidade de Breves, e o órgão do governo federal que repassava as verbas necessárias para as obras de saneamento e abastecimento era o BNH, e diante deste caos que vivia o Pará, Jader foi a Brasília pedir socorro ao Governo Federal, que acolheu o requerimento do Chefe do Executivo paraense, e foram liberadas as verbas para o projeto, o Ministro Delfim Neto se deu o trabalho de responder pessoalmente ao Governador Jader à liberação dos recursos.
Um episódio ocorrido no município de Salinópolis revela a habilidade política de Barbalho junto a um governo hostil ao seu governo. No Brasil havia uma Lei que proibia que os postos de gasolina ficassem aberto após às 20h, e esta medida causava uma série de transtornos a população, principalmente para o caminhoneiros, pois, os mesmos faziam as suas viagens no período noturno e corriam o risco de ficar sem combustível em determinada viagem.
No município de Salinópolis só havia dois postos de gasolina, e a cidade estava lotada de carros para abastecer e os donos dos estabelecimentos pontualmente fecharam as bombas de combustível em cumprimento a lei, em total desprezo as filas de automóveis e caminhão que se encontravam no local.
A população se enfureceu e ameaçou a destruir os postos de combustíveis se os mesmos não fossem reabertos, e os proprietários temiam mais a represália do governo federal do que a revolta da população. O clima ficou tenso e o Prefeito Asdrúbal Bentes relatou ao Governador Jader Barbalho da grave situação, e o Governante Paraense conseguiu a liberação dos postos, e os proprietários ficaram tranquilos, pois, estavam seguros de que não seriam punidos pelo Governo Federal.
A intervenção de Jader no episódio poderia ser tratada como mero incidente político administrativo, porém, a reabertura dos postos evitou uma tragédia, pois, havia o risco de explosão das bombas de combustíveis se a população resolvesse destruir os equipamentos.

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