Impossível qualquer
trabalho Histórico desconsiderar a liderança de Jader Barbalho na política
paraense e nacional, deixarei de lado qualquer paixão partidária ou qualquer
apego a questões de moralidade e abordarei o papel de Jader Barbalho no cenário
estadual e sua importância na campanha das eleições diretas.
O Governador Jader
Barbalho foi eleito com o apoio de ALACID NUNES, que não convergiu com JARBAS
PASSARINHO sobre a sucessão estadual, e Jader apoiou abertamente a campanha das
eleições diretas, o que trouxe dificuldades na administração de Jader para a
obtenção de recursos federais.
Jader Barbalho tinha
maioria na Assembléia Legislativa, o que facilitava a aprovação de projetos da
seara estadual, contudo, no campo nacional Jader encontrava dificuldades
impostas pela natural burocracia, e pela falta de lideranças nacionais para
obtenção de convênios e verbas federais.
Com a falta de apoio do
Governo Federal, Jader Barbalho tinha que improvisar, e como não havia reforma
agrária no Pará, face a ausência de políticas federais na região, Jader
fortaleceu o ITERPA, órgão responsável pela política agrária do Estado, e
lançou eficiente campanha com o lema: “Jader
dar terra a quem trabalha, uma reforma agrária sem convulsionar o campo, e sem
tornar o agricultou instrumento de manobra política”.
O governo de Jader se
destacou pela atenção ao interior do Estado, e com frequência transferia todo o
seu gabinete para trabalhar em alguma cidade do interior, o que ficou conhecido
como GOVERNO INTINERANTE. E todos os municípios do Estado por mais distante que
fossem, todos receberam a visita do Governador.
E Jader afirmava que
não tinha inimigos, tinha sim adversários políticos, e em suas andanças pelo
interior recebia todos os Prefeitos independentemente de legenda partidária. E
na suas ausências, quem assumia o governo era LAÉRCIO FRANCO, que foi leal a
Jader e acabou sendo agraciado com cargo de Conselheiro no Tribunal de Contas e
lá encerrou sua vida pública.
A regularização de
imóveis urbanos das pessoas mais pobres da capital só tinha sido pauta de
governo na época do Governador Barata, Jader restaurou essa política e os
bairros pobres de Belém foram objeto de intensa política habitacional jamais
visto no Pará, em especial na capital.
Jader restaurou a casa
da cultura em Santarém.
A primeira dama mais
atualmente que o PARÁ já teve, foi ELCIONE BARBALHO, que sua preocupação com as
causas sociais, era bem recebida pela população mais pobre, e por ser esposa do
Governador Jader o mesmo acabava recebendo os créditos pela atuação de sua
esposa.
JADER consegue verba
para o asfaltamento da Cidade Nova, e água para a cidade de Belém, e conseguiu
a sinalização do BNH, sistema habitacional vigente, para que o BANPARÁ possa
conduzir a política habitacional junto com a COHAB.
Os estudantes da UFPA
fazem violentos protestos a favor da meia passagem e JADER BARBALHO recebe uma
comissão de estudantes e alerta os estudantes que existem pessoas dentro dos
centros acadêmicos interessados que os estudantes fiquem contra o governo, e
deixando o assunto da meia passagem em segundo plano. JADER deixou claro que
esse grupo estavam integrante do PDS, que nunca aceitou a derrota no pleito
eleitoral e integrantes do PT, que já adotavam a equivocada política de quanto
pior melhor.
A meia passagem foi primeiramente concedida pelo GOVERNO DO ESTADO para
os alunos da rede pública do primeiro e segundo grau, e os estudantes
universitários queriam a extensão do benefício sem qualquer conversa, sem observar
que tal direito tem que se discutido com os empresários, já que envolve custos
a serem suportados pela classe empresarial.
Após o término da
radicalização do movimento dos estudantes universitários, no dia 04.04.1984 o
Governo do Estado anuncia que os universitários também terão direito a meia
passagem, tal anúncio foi feito pessoalmente aos estudantes no gabinete do
Governador Jader, sem a presença da ala radical do DCE, porém, o seu Presidente
Romulo Paz esteve presente e foi carregado ao final da cerimônia pelos
estudantes.
A curiosidade do
benefício aos estudantes, é que só teria direito a meia passagem os alunos que
residissem a mais de 1 km da escola.
JADER BARBALHO, recebia todos os Deputados individualmente e anotava o
pleito de todos os parlamentares e os atendia naquilo que coubesse, um jeito
novo de fazer política onde a polarização era frequente, e os diálogos
ausentes, principalmente entre o Executivo e Legislativo.
Em uma solenidade de
entrega de títulos na Nova Marambaia, JADER vai pessoalmente ao Centro
Comunitário e entrega o documento a cada família, sem intermediários e sem
seguranças para afastar o povo, esse tipo de carisma é que encantava a
população, pois, não era comum autoridade oficial permitirem tal acesso.
JADER mesmo na oposição
ao governo federal foi recebido pelo Presidente João Figueiredo (PDS), para
autorização de liberação de verbas federais ao Pará, e tais verbas serão
aplicadas na área de saúde e habitação, e para conseguir a liberação desta
verba, o governador paraense ainda teve que enfrentar o difícil Ministro DELFIN
NETO (PDS), que insistia em não liberar o numerário ao Pará, e o empenho do
Governador JADER não teve nenhuma colaboração do Ministro Jarbas Passarinho
(PDS).
JADER consegue a
liberação de US$-80.000.000,00 (oitenta milhões de dólares) junto ao governo
federal, e o dinheiro será usado para a construção da PA 150, o Hospital das
Clínicas e de outro Juliano Moreira. Esse empréstimo causou reação da oposição
na Assembléia Legislativa, e o Deputado Aldebaro Klautau ocupava a tribuna
diariamente para condenar o empréstimo, pois, segundo o parlamentar tal verba
iria endividar o Estado do Pará comprometendo as finanças públicas estaduais.
Em relação a este
empréstimo quem saiu em defesa do Governo de Barbalho, foi o Deputado Gabriel
Guerreiro, que utilizou o governo federal como paradigma negativo, pois,
segundo Guerreiro o governo federal elevou a dívida externa brasileira, sem dar
justificativas para onde foram investidos tais empréstimos, e que Jader
Barbalho, já apontou ao parlamento estadual onde serão utilizados os recursos
obtidos junto ao Ministério do Planejamento.
As questões ambientais
no período da campanha das Diretas também ganhavam espaço na seara política, e
em Belém a Assembléia Legislativa, na pessoa de seu Presidente LUCIVAL BARBALHO
(PMDB), organiza encontro internacional para discutir os assuntos da Amazônia.
E uma viagem à Rússia e a Inglaterra do Governador Jader, ganha destaque na
imprensa nacional.
O PROGRAMA SACOLÃO de
JADER BARBALHO é um sucesso, que consiste na entrega de alimentos a população
baixa, e o grupo A. R. GOMES (REI DAS CARNES), colabora com o projeto, e os
bairros se organizavam para receber a visita do programa, que sempre contava
com a presença da primeira Dama ELCIONE BARBALHO.
O dinamismo do governo
de Jader Barbalho mereceu o registro na tribuna da Câmara dos Deputados, por
parte do Deputado Federal, Carlos Vinagre, que chegou a comparar Barbalho ao
ex-governador Magalhães Barata.
O Governo Jader
Barbalho sempre teve o reconhecimento dos servidores públicos, e nesta obra
percebo que tal consideração não veio de forma gratuita, o governo enviou um
projeto a Assembléia propondo um reajuste semestral a todos os servidores do
Estado, com o intuito de acompanhar o ganho real do salário mínimo.
O governador Jader
conseguiu empréstimo em mais de 60 milhões de dólares para investimento no
Estado, e tais valores para época assombravam qualquer devedor, e abriam os
olhos dos credores, e tal empréstimo alcançou os holofotes nacionais e regionais.
Diante da dimensão dos
valores, o Governador Jader convocou o empresariado paraense para uma
explicação de como obteve o crédito, de como o mesmo seria pago e o mais
importante de como ele seria investido.
O encontro teve grande
repercussão nos meios políticos e empresariais, e ocorreu na Associação
Comercial do Estado do Pará, e Jader explicou que o dinheiro seria aplicado em
especial na construção da PA 150, na construção do Hospital das Clínicas, na
construção de 17 centros de saúde e 126 postos de saúde, investimento no
pequeno produtor rural, etc.
E após falar por mais
de duas horas, Jader Barbalho permaneceu no recinto e foi duramente sabatinado
pelo empresariado paraense.
Danilo Remor do setor
madeireiro veio de Redenção para cobrar de Jader a pavimentação da PA 150.
Claudomiro Begout do
setor agrícola cobrou do governo investimento no pequeno produtor rural.
Avertano Rocha cobrou respostas de como o
Estado iria pagar esta dívida.
Edson Salame cobrou de Barbalho o
investimento no setor enérgico, que estava esquecido pelos últimos governos.
Jorge Colares declarou que no interior do
Estado ainda se utilizava muita carroça como meio de transporte, e que o
governo poderia importar burros e jegues para a utilização.
Ninguém ficou sem resposta, e Roberto
Massoud encerrou o evento, e a classe política e empresarial saíram otimistas
do evento, e enxergavam o progresso do Estado do Pará.
O mundo vivia o clima de guerra fria
entre as maiores potências, a URSS e os Estados Unidos, e Jader Barbalho, que tinha
interesse em receber investimento russo na região, recebeu a visita do
Embaixador Russo na sede do Governo, e o fato foi registrado no Diário do Pará
o dia 18.04.1984.
O
problema de abastecimento de água no Estado do Pará era muito grave em várias
regiões, em especial na cidade de Breves, e o órgão do governo federal que
repassava as verbas necessárias para as obras de saneamento e abastecimento era
o BNH, e diante deste caos que vivia o Pará, Jader foi a Brasília pedir socorro
ao Governo Federal, que acolheu o requerimento do Chefe do Executivo paraense,
e foram liberadas as verbas para o projeto, o Ministro Delfim Neto se deu o
trabalho de responder pessoalmente ao Governador Jader à liberação dos
recursos.
Um
episódio ocorrido no município de Salinópolis revela a habilidade política de
Barbalho junto a um governo hostil ao seu governo. No Brasil havia uma Lei que
proibia que os postos de gasolina ficassem aberto após às 20h, e esta medida
causava uma série de transtornos a população, principalmente para o
caminhoneiros, pois, os mesmos faziam as suas viagens no período noturno e
corriam o risco de ficar sem combustível em determinada viagem.
No município de Salinópolis só havia dois
postos de gasolina, e a cidade estava lotada de carros para abastecer e os
donos dos estabelecimentos pontualmente fecharam as bombas de combustível em
cumprimento a lei, em total desprezo as filas de automóveis e caminhão que se
encontravam no local.
A população se enfureceu e ameaçou a
destruir os postos de combustíveis se os mesmos não fossem reabertos, e os
proprietários temiam mais a represália do governo federal do que a revolta da
população. O clima ficou tenso e o Prefeito Asdrúbal Bentes relatou ao
Governador Jader Barbalho da grave situação, e o Governante Paraense conseguiu
a liberação dos postos, e os proprietários ficaram tranquilos, pois, estavam
seguros de que não seriam punidos pelo Governo Federal.
A intervenção de Jader no episódio
poderia ser tratada como mero incidente político administrativo, porém, a reabertura
dos postos evitou uma tragédia, pois, havia o risco de explosão das bombas de
combustíveis se a população resolvesse destruir os equipamentos.